sábado, 23 de março de 2024
Semana da Leitura 2024
De 18 a 22 de março voltámos a celebrar a Leitura através de atividades diversas que reforçam aquela que é um ato diário nas salas e na biblioteca escolar da Várzea e que envolve todas as crianças.
A Hora do Conto, lançandoo repto da reflexão sobre a liberdade, trouxe O Povo que não queria ser cinzento, de Beatriz Doumerc, aos núcleos de iniciação e consolidação A e B, no dia 19 de março, e as crianças construíram uma aldeia livre e colorida; trouxe também um livro para pensar - Quero ter um superpoder!, de Émilie Vast - ao núcleo à descoberta, no dia 21.
A 20 de março, recebemos o senhor Carlos Almeida e Cruz, avô de uma criança da iniciação e ex preso político pela PIDE, que nos contou como foi impedido de lecionar por ensinar aos seus alunos o valor da liberdade de expressão e o direito à informação. Falou-nos das várias vezes em que foi preso e submetido à tortura do sono e de outros companheiros que também foram presos; de como ajudou alguns homens a fugirem do país para não irem à guerra colonial; e, ainda, do seu ativismo político em prol da igualdade, da fraternidade e da liberdade. Ouvimos a leitura de excertos de O Tesouro, de Manuel António Pina, pela voz da sua filha que o acompanha com frequência nas visitas a escolas. Houve tempo para muitas perguntas e para muitas respostas feitas pelas crianças da iniciação e consolidação C/D, bem como para um lanchinho de despedida.
A 21 de março, celebrámos a leitura com o tradicional D. Carlos para para ler: das crianças e professores, aos assistentes operacionais - todos leram nas salas, na biblioteca ou na rua - uma escola cheia de leitores!
A Semana da Leitura terminou com a visita de A Bela e o Monstro, apresentada pelo Teatroesfera, no âmbito da iniciativa camarária “Teatro à Solta”.
A “Bela e o Monstro” é um musical de Fernando Gomes a partir do conto de Gabrielle-Suzanne Barbot, publicado em 1740. Esta criação destaca a mensagem do quão enganador pode ser o que é visível aos olhos: atrás de uma imagem do outro, existe alguém que é preciso descobrir. E essa descoberta só é possível se houver empatia. Para além da magnífica atuação do elenco, a mensagem de que ler um livro é uma janela que permite voar a quem lê e ouve ler, que perpassou toda a peça, veio fechar com chave de ouro esta semana de apologia à leitura!
A feira da primavera realizada pela equipa educativa fechou a semana e a biblioteca não deixou de participar com mais uma feirinha de livro usado.
sexta-feira, 22 de março de 2024
Miúdos a Votos 2024
Como já vai sendo tradição, as crianças dos núcleos de Consolidação B e C/D da E.B. da Várzea de Sintra fizeram campanha pelos livres mais fixes, fizeram arruadas e incursões pelas salas com cartazes, gravaram podcasts que passaram nos Tempos de Antena da Visão Júnior e fizeram um debate televisivo. No dia 12 de março, 161 crianças do 1.º ciclo foram a votos e venceu... o livro mais votado: Gravity Falls, Diário 3, com 36 votos; em segundo lugar ficou O Diário de um Banana 1: Um Romance com Cartoons/ Toque de Queijo, renhidamente com 35 pontos.
À semelhança do ano anterior, também o pré-escolar pôde votar, ainda que numa urna à parte e num conjunto mais restrito de livros, dando a vitória a Não abras este livro, nunca!, de Andy Lee.
A campanha “Miúdos a Votos - Os Livros Mais Fixes!” é uma iniciativa da VISÃO Júnior e da Rede de Bibliotecas Escolares. O objetivo é fomentar o gosto pela leitura e, simultaneamente, explicar como se organizam e para que servem as eleições.
Podcast 1
Podcast 2
Podcast 3
quarta-feira, 20 de março de 2024
Encontro com o ex-preso político, Carlos Almeida da Cruz
Hoje recebemos o senhor Carlos De Almeida e Cruz, professor aposentado, ativista e ex-preso político pela PIDE, que veio responder às muitas curiosidades das crianças do NCCD e NI. Para o receber, assim como à sua filha Ana que o acompanhou, um grupo do NCCD apresentou uma encenação livre e autónoma do livro de Ana Markl, Avó, onde estavas no 25 de abril?. E outros meninos deste núcleo declamaram o poema “ a cor da liberdade”, de Jorge de Sena, e até houve uma versão rap. O nosso convidado falou sobre os tempos do Estado Novo, os períodos de prisão, a tortura a que eram submetidos pela PIDE e do dia em que tudo mudou com Salgueiro Maia e a força do povo. A sua filha Ana leu-nos um excerto de O Tesouro, de Manuel António Pina, que conta como se sentiam as pessoas durante o Antigo Regime!
Estamos muito gratos ao sr. Carlos e à Ana por nos terem
proporcionado esta lição de História e Cidadania tão importante para que estas crianças assegurem um futuro de liberdade!
Eis um apanhado do que o senhor Carlos da Cruz nos contou:
A história do 25 de abril não começou no dia 25 de abril de 1974. Nos anos que antecederam esse dia, vivia-se sem liberdade para falar, para viajar, ... Não se podia falar mal do governo, não se podia discordar. Praticamente todas as coisas boas estavam proibidas. As mulheres estavam às ordens dos maridos; os homens é que eram senhores da razão; as mulheres não. Também não podiam ter qualquer profissão nem votar.. Hospedeiras, professoras, enfermeiras não podiam casar com quem gostavam - tinham de pedir autorização ao governo. Na escola, as meninas não podiam usar calças; ninguém estava autorizado a pensar, só a obedecer. Batia-se quando alguém não sabia a tabuada ou a lição; por vezes eram os próprios colegas que tinham de dar as reguadas uns aos outros. Não poderia haver mais de três pessoas na rua a conversar pois a polícia achava que estavam a conspirar.
Quando era professor em Vila Franca de Xira punha os alunos a procurar informações sobre soldados mortos na guerra colonial e publicava-as em jornais. Não concordava com a guerra colonial (matou quase 10 000 pessoas e os que não morreram ficaram deficientes ou com problemas mentais -30 000) e o que fazia com os seus alunos desagradava ao governo. Esteve preso em Caxias onde foi torturado para denunciar quem lhe dava informações. Um ex-aluno seu também foi preso durante 30 dias; outro, foi torturado 37 dias sem dormir - a chamada tortura do sono: impediam-nos de dormir e por vezes batiam-lhes com chicotes para os obrigarem a falar. Ele esteve 10 dias e 10 noites sem dormir. Entre 1968 e 1972 foi preso várias vezes por curtos períodos, sendo o maior de maio a junho de 1972 e de onde saiu sob fiança a tempo de assistir ao nascimento do filho, graças à intervenção de um padre. A sua própria filha esteve presa antes de nascer, pois a sua mulher também foi presa. A PIDE prendera-a para o obrigar a falar sob pena de não a libertarem se o não fizesse. A tortura era física e psicológica.
Em dezembro de 1972 participou num encontro secreto na capela do Carmo para falar contra a guerra, mas a PIDE apanhou-os. Os que eram professores foram expulsos do ensino tal como ele fora em 1969. Carlos da Cruz só regressou ao ensino em 1976, tendo sido operário para sobreviver e sustentar a família.
Havia muitos informadores, cerca de 30 000; e da PIDE eram uns 10 000. O medo era tanto que até se tinha medo de se ser denunciado pela própria família.
As pessoas não eram todas más, mas muitas fizeram coisas más por medo.
Muitos fugiam do país para não irem para a guerra. Ele, Carlos da Cruz ajudou a levá-los até à fronteira e um dia foi preso porque um deles o denunciou de ser passador clandestino. Como nunca recebera dinheiro por ajudar outros a fugirem, acabou por ser perdoado.
Na véspera do 25 de abril, Carlos da Cruz estava em Lisboa, no Saldanha, à espera de outros operários da TAP para fazer um panfleto sobre mandar o regime abaixo. De manhã telefonaram-lhe que Salgueiro Maia vinha de Santarém para mandar o regime a baixo. Ainda foi dada ordem para as tropas do regime atirarem sobre Salgueiro Maia, mas ninguém o fez, só morrendo 4 manifestantes à porta da sede da PIDE. Passou o dia no Largo do Carmo a festejar a Liberdade!
terça-feira, 19 de março de 2024
Newton gostava de ler...sobre biodiversidade na manta morta
No dia 18 de março, Newton visitou as salas do jardim de infância de Lourel para mostrar às crianças como se processa a decomposição dos seres vivos na manta morta. Para isso, fez-se acompanhar de uma adaptação da história Há um cabelo na minha terra, de Gary Larson, e de muitos pequenos seres que todos podem encontrar no jardim ou na floresta: minhocas, centopeias, caracóis, aranhas, bichos-de-contas, etc..
As crianças observaram-nos atentamente com o auxílio de lupas e depois desenharam-nos tendo em conta as suas características: analídeos, centípedes, milípedes, gastrópodes, etc.. Estavam bem entusiasmados estes pequenos cientistas newtonianos! Foi um início da semana da leitura muito experimental!
terça-feira, 12 de março de 2024
Encontro com a escritora Maria Francisca Macedo
No dia 11 de março, recebemos a escritora Maria Francisca Macedo na biblioteca da nossa escolinha no âmbito do programa da CMS "Os escritores vão à escola". Havia lobos por todo o lado: no hall, na biblioteca, no teto, na entrada - verdadeiramente assustador! Ou não...
Na biblioteca, ouvimos a história "O lobo que não gostava de matemática" que nos foi contada pela autora de uma forma muito divertida!
Apresentámos também lengalengas escritas pelo núcleo de iniciação e o núcleo da descoberta representou uma história de lobos. A Maria Francisca gostou muito!
No final, a escritora fez uma sessão de autógrafos para todas as crianças e adultos do NAD e NI que compraram o livro.
domingo, 3 de março de 2024
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