terça-feira, 2 de junho de 2020

Hoje, a tertulinha do NCB2 teve direito a um brinquedo!

A Tertulinha de hoje do Núcleo de Consolidação B2 foi muito diversificada: aprendemos com o Raul e a Camila que quem joga Fortnite aprende sobre histórias da Bíblia (como a história da Arca de Noé ou do Rei Midas); visitámos o Palácio da Pena com a Carolina que nos mostrou a cama do Rei e da Rainha e a paisagem da serra de Sintra; folheámos uma caderneta do Sporting com o João Lobo; e falámos com a Camila sobre o assunto que domina a atualidade - o Corona vírus.

E porque o Dia da Criança aconteceu na véspera, e a Maria Inês quis recordá-lo, lembrámo-lo através do poema "Brinquedo", de Miguel Torga, que foi o mote para aprendermos a fazer um papagaio de papel. Ficamos à espera dos testemunhos de voo de todos os participantes de hoje na Tertulinha!

Brinquedo

Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.


Miguel Torga


E para quem gosta de poesia, aqui fica outro poema dedicado a todos quantos gostam, ou gostavam, de brincar com papagaios de papel, desta vez, de Sebastião da Gama.

O papagaio  

Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá, bem preso à terra,
vibrando!

Aos arranques,
a fazer tremer a terra,
a querer voar
pelo ar
até pertinho do Céu…

Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá viver a sua inquietação
e ser verdade aquela ânsia
de fugir.

Não lhe cortem o cordel!
Poupem o papagaio à dor enorme
de cair,
papel inútil, roto, pelo chão.

Não lhe ensinem,
ao pobre papagaio de papel,
que a sua inquietação
é a única força que ele tem.

Deixem-no lá,
naquela ânsia de fuga,
no sonho (a que uma navalha
pode dar o triste fim)
de fazer ninho no Céu:

Sempre anda longe da terra, assim,
o comprimento do cordel…

Deixem-no lá, deixem-no lá,
o papagaio de papel!...


Sebastião da Gama
Itinerário Paralelo
Lisboa, Ed. Ática, s/d.

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